Artigo Prof Bayard Boiteux:"Rio de Janeiro e a promoção:estratégias equivocadas e sugestôes"
Rio de Janeiro e a promoção:estratégias equivocadas e
sugestões
Bayard Do Coutto Boiteux
Não há nada mais importante na atividade turística do que a
decisão governamental de investir em promoção.Sabemos da importância do
marketing institucional ,para atração de fluxos nacionais e internacionais de
turistas.No entanto,tal atividade tem que se basear em um plano específico e
não pode ser desenvolvida no achismo de um governante.É sempre bom lembrar que
antes de iniciar a venda de um produto turístico,temos que arrumar a casa ou
seja estruturar as cidades para que possam receber turistas.Não pode ser um
esforço individual de um governo mas tem que interagir com outros atores da
cadeia produtiva,que já desenvolvem programas há anos e não podem ser
esquecidos,como por exemplo o Sebrae e o Senac,para citar alguns exemplos.
Desta forma,o Estado do Rio de janeiro,que é um conjunto de
cidades maravilhosas,slogan criado na gestão Elysio Pires ,precisa antes de
mais nada definir os nichos prioritários que vai trabalhar e a segmentação dos
mesmos numa escala mundial e nacional.Não nos parece correto começar com
abertura de escritórios no exterior,se ainda faltam tantas medidas estruturais
pendentes,como a elaboração de material promocional em vários idiomas e dentro
de técnicas modernas,a criação de programas ead de capacitação dos destinos ,o
aumento de contingente e atuação do batalhão de policiamento de áreas
turísticas ou ainda a sinalização turística nas rodovias federais ,estaduais e
nos municípios,para citar alguns exemplos.
Por outro lado,turismo religioso demanda um inventario
turístico de todo o potencial do Estado,com formatação de roteiros e
identificação de eventos existentes.É triste ,por exemplo ver o esforço de
municípios como Niteroi e São Gonçalo,com seus tapetes de areia,que basicamente
se voltam para seus munícipes e algumas cidades vizinhas mas com total falta de
interesse das autoridades estaduais.Lembramos que como país católico,o
Papa é uma figura importante para os seguidores da religião e suas visitas
trazem muitas vezes,importantes mudanças sociais.No entanto,ele não pode ser
considerado ,me desculpe o termo,”garoto de promoção de um destino” e ser
convidado dentro de tal visão para nos visitar.
Há algo também que não deveria fazer parte dos discursos
oficiais ,que é nos comparar com cidades turísticas como Lisboa,Madrid ou
Paris,que por sua situação geográfica,sua malha de transportes e adequação de
sua infraestrutura para vários tipos de consumidor com qualidade,fazem parte de
uma outra realidade turística,que precisamos observar,buscar exemplos de
sucesso ,benchmarketing mas nunca fazer
comparações numéricas.
Gostaria também de lembrar que em vez de escritórios no
exterior ,poderíamos melhor utilizar nossas Embaixadas e consulados,como
verdadeiros escritórios de turismo.É um assunto que o Itamaraty tem demonstrado
interesse e que falta apenas uma melhor interação com o Turismo e talvez a
inclusão de informações turísticas e conceituais de comercialização na formação
do Instituto Rio Branco,exemplo para o mundo de capacitação de diplomatas.
É sempre bom frisar também que a participação de comitivas
governamentais em eventos turísticos demanda um alinhamento prévio com os
organizadores,para que se tenha resultados efetivos e que não sirvam para
viagens de políticos ao exterior.Comitivas que viajam sem material,sem
estratégia previa de algum happening durante as feiras,sem pessoal que domine
os idiomas ,servem apenas para noticias em publicações especializadas no Brasil e na
mídia local.
A transformação da Turis-rio numa grande agência de promoção
do destino Rio é um sonho almejado há muitos anos mas que só vai acontecer de
fato ,se for criada com planejamento a longo prazo e existência de recursos.
Enfim, são algumas
considerações de um apaixonado pelo Rio ,que não almeja nenhum cargo publico e entende que secretarias de
turismo não podem ser trampolim para candidaturas a cargos no executivo ou
legislativo.O Turismo e seus profissionais merecem respeito,consideração e voz
ativa ,em todas as decisões.
Bayard Do Coutto Boiteux é vice-presidente executivo da
Associação dos Embaixadores de Turismo do Rio de Janeiro,escritor,professor
,consultor ,superintendente executivo do Preservale e trabalha em turismo há 40
anos.
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